sábado, 14 de maio de 2011

Registro do Grupo de estudos da Ed. Infantil

Encontro da Educação Infantil

1º encontro: Criança e Infância

☺Definição de criança e infância
☺Criança é o sujeito social que possue história e geografia e que é constituidora e produtora de cultura;
☺ Infância é uma representação social presente em diferentes sociedades.
     A infância se dá num amplo espaço de negociação, são espaços de conflitos produzidos nos diferentes grupos sociais. Variedade e diversidade de infância
☺Concepções de infância – sociedade – humanização – concepção pedagógica – projeto político pedagógico – organização – práticas curriculares estão interligadas e não se constrói um projeto político pedagógico sem esses tópicos. A escola deve estar atenta para elaborar um projeto que atenda às especificidades desta clientela.
☺ É preciso aprofundar que crianças são essas, o que elas têm em comum, o que partilham entre si em várias regiões do Brasil e em outros países e o que as distingue umas das outras. É preciso romper com representações hegemônicas. Elas se distinguem umas das outras nos tempos, nos espaços, nas diversas formas de socialização, no tempo de escolarização, nos trabalhos, nos tipos de brincadeiras, nos gostos, nas vestimentas, enfim, nos modos de ser e estar no mundo. Nos acostumamos a pensar nas crianças enquanto alunas e alunos, geralmente em escolas ou espaços educativos formais, ou ainda nas crianças dentro de creches e pré-escolas. Nos acostumamos a pensar em educação como algo institucionalizado e vivido em espaços escolares.
☺O desafio é buscar olhar a criança com os olhos dela; que saberes as crianças têm sobre o mundo e até mesmo sobre nós adultos, saberes que são construídos socialmente e conferem identidades culturais às crianças.
☺Devemos pensar em construir uma cultura própria de infância em conjunto com o adulto e as outras crianças. O que tem prevalecido é uma concepção negativista da infância, onde a criança está ausente nesses processos de produção.
☺ Cada criança é única e possui em jeito de ser e de brincar. É um ser que participa da construção da história e da cultura de seu tempo.
☺Exercício de observação – aguçar o olhar para a cultura da criança. Ver a perspectiva da criança em qualquer situação ( no brincar, na hora do lanche, nas brincadeiras livres...) em uma situação significativa


2º encontro: As culturas da Infância

☺Primeiro momento - reflexão sobre o que é cultura
☺ O conceito de cultura foi elaborado por Edward Tylor a partir da junção do termo germânico Kultur ( que significa os aspectos espirituais de uma comunidade) e a palavra francesa Civilization (que significa as construções materiais de um povo), criou o vocábulo inglês “ Culture”.
☺Kluckhon conseguiu definir a cultura como: modo de vida global de um povo; o legado social que o indivíduo adquire do seu grupo; uma forma de pensar, sentir e acreditar; uma abstração do comportamento; um celeiro de aprendizagem comum...
☺Cultura é o conjunto de rituais, valores, história... Uma cultura não é superior a outra e não se forma sozinha, mas com a união de várias outras culturas. É construção humana, coletiva, social e estamos imersos nessa construção. É o ser humano que produz cultura.
☺O que é repugnante numa cultura, pode ser extremamente normal em outra cultura.
☺A marca da espécie humana é essa diversidade cultural existente nos dias atuais.
☺Segundo momento – culturas da infância
☺As culturas da infância representam um dos temas privilegiados nos estudos da sociologia da infância, campo recente que vem se estruturando a partir da década de 90, em torno de alguns princípios fundamentais, sendo o principal deles a concepção de infância como uma construção social. Seu ponto de partida foi uma tentativa de romper com as visões tradicionais e biologizantes de criança, que a reduzem a um ser em que um dia culminará no ser adulto.
☺Na infância, esta proposição nos remete a uma leitura do que a constitui: os modos de ser, de se relacionar, as suas diferenças, o lugar onde vivem, as coisas que fazem, dentre outras. revelar a criança na sua positividade, como ser ativo, situado no tempo e no espaço, nem cópia nem o oposto do adulto, mas sujeito participante, ator e autor na sua relação consigo mesmo, com os outros e com o mundo.
☺Através das relações com seus pares e com os adultos, constroem, estruturam e sistematizam formas próprias de representação, interpretação e de ação sobre o mundo.
☺A infância e as “cem linguagens” (frases selecionadas do poema)

A criança é feita de cem...

A criança tem cem linguagens

(e depois cem cem cem)

mas roubam-lhe noventa e nove.

A escola e a cultura

lhe separam a cabeça do corpo...

Dizem-lhe enfim:

Que o cem não existe.

A criança diz:

Ao contrário o cem existe.

(Loris Malaguzzi)

☺Demonstrar que a infância persiste em seus modos de ser. O criar, o brincar, o sonhar, o estar com o outro, e tantas outras expressões contínuas das crianças esbarram em muitos ideologismos do adulto: “agora não pode”, “agora não é hora”, “este não é um lugar para isto”, no entanto elas persistem. Ela reage. Ela cria meios para transgredir aquilo que não lhe dá prazer, o que para ela não faz sentido.
“(...) as transgressões criativas, produto e produtora de uma cultura dainfância, rica pela especificidade que é portadora. A cultura da infância nosobriga a rever o absolutismo do pensamento, a intolerância das práticasdiscriminatórias, a considerar as possibilidades de um trânsito entrecompetências e sujeitos diversos, mas, nem por isso, hierarquizáveis edesiguais (...)” (Gusmão, 1999: 52).


3º encontro: Jogos, brinquedos e brincadeiras


☺“Através de uma brincadeira de criança, podemos compreender como ela vê e constrói o mundo- o que ela gostaria que ele fosse, quais suas preocupações e que problemas a estão assediando. Pela brincadeira, ela expressa o que teria dificuldade de colocar em palavras. Nenhuma criança brinca só para passar o tempo, sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades. O que está acontecendo com a mente da criança determina suas atividades lúdicas; brincar é sua linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo se não a entendemos". Bruno Bettelheim
☺Brincadeira é processo, sabemos quando ela começa, mas não sabemos quando termina.
☺Sempre se inova e nunca se repete, mesmo a criança brincando igual.
☺Não produz (vale pela brincadeira em si, não resulta) Se dá pelo contagio do sujeito com o sujeito. Como se constrói também se desfaz. Sustenta-se numa linha muito tênue. O que importa é a brincadeira com atitude; não obriga ninguém a brincar.
☺Ela é eletiva, ou seja, a criança pode começar a brincar e sair no meio da brincadeira mesmo que faça falta. Implica num tempo e espaço de qualidade que, atualmente, são reduzidas, desqualificadas dentro da escola. Tempo qualificado para brincar seria um espaço de produção e transformação, um universo que beira o infinito e o quanto este espaço é entregue a criança para ela criar sentido/modificar aquele ambiente, reinventando, revivendo e transformando.
☺É artefato, patrimônio que conta a história da gente, não só algo de pedra e cal ( materialmente falando). É portadora de história que vai transmitindo e construindo novas formas e maneiras de brincar.
☺Brincar se aprende e só existe quando se inventa e está ameaçado de “extinção” devido à realidade do mundo que preconiza um indivíduo que tem por objetivo a “produção”. Cabe à escola ser um círculo de subjetividade: a que se ter na escola dois tempos – aquele chamado para a produção do conteúdo e um tempo para a própria criança.
☺Brincar toca o sagrado – dá vida; dá ânimo; da alegria; surgem idéias geniais...


5º encontro



☺Divisão de equipes para discussão dos temas já apresentados e discutidos anteriormente.


6º encontro

☺Apresentação das discussões feitas no encontro passado de cada equipe. Neste encontro, houve a escolha de representantes do grupo para montagem de um documento sobre o que foi realizado até o momento.



7º encontro: As crianças e suas infâncias- dimensões do trabalho pedagógico



☺Na rotina do dia-a-dia será que vemos as nossas crianças? Qual é o nosso olhar para nossas crianças? Olhares impregnados pelas crenças. Não mudamos nosso olhar, nossas ações pedagógicas. A criança vê o que o adulto não vê.
☺Criança: categoria social e da história; sujeito histórico e cultural; consideramos criança até 10 anos; possuem direitos; semelhanças e diferenças entre crianças em diferentes lugares; específico da infância: poder de imaginação; fantasia; o brincar como expressão de cultura...
☺O que acontece nas escolas, atualmente, é a diminuição dos tempos de brincar. Espaço da brincadeira deve ser respeitado e mantido em todos os momentos – é a forma de saber lidar com a realidade; é a construção de novas histórias no contexto em questão; é o restabelecimento do caráter afetivo, ético, social e político.
☺Significado da escola: faz parte da criação humana; os conhecimentos produzidos; os modos de produção; as desigualdades e as diferenças; espaço coletivo e democrático; lugar de decisões: normas, horários, distribuição de tarefas; estar na escola tem valor estruturante na formação social das pessoas e as crianças podem participar desta organização.
☺A brincadeira como experiência de cultura é: conjunto de práticas, conhecimentos e artefatos construídos e acumulados; é um dos pilares de constituição das culturas da infância; é atividade fundada nas interações sociais e suporte de sociabilidade; é agente de sua experiência social; é forma própria de compreender o mundo físico e social; é o estabelecimento de regras de convivência; é a ampliação da capacidade de lidar com o real; é espaço de aprendizagem, de desenvolvimento e interação entre a fantasia, imaginação e realidade com produção de novas possibilidades de ação e compreensão.
☺A dimensão lúdica é um importante aspecto do processo de constituição dos conhecimentos, permitindo a decisão, a escolha, às descobertas, as associações, as perguntas e as soluções por parte das crianças. É no diálogo vivo com os pares, com os professores, com a comunidade que as crianças se apropriam criticamente de novos conhecimentos e de novas formas de ler o mundo (reinterpretação do mundo).
☺A arte não existe de modo independente da cultura, forma da ação do homem sobre o mundo; possibilidade de expressão.
☺O tempo entendido na intensidade de sua duração: os ritmos das crianças, as atividades, tempo cronológico e psicológico, o coletivo e individual.
☺O espaço é apoio aos momentos das crianças, autonomia, modos de interação, aprendizagem, possibilidades de ação com objetos diferentes (livros, brinquedos), diálogo.
☺A linguagem verbal é o principal instrumento de comunicação entre as crianças que vai inseri-la neste mundo letrado. Valorizar as conversas na rodinha, nas brincadeiras, na quadra, na contação de histórias.



8º encontro



☺ Divisão de equipes para análise dos aspectos considerados na organização do currículo da Educação Infantil. Registro das discussões feitas em equipe e apresentação.



1- O cuidado e a educação das crianças como tarefas indissociáveis – deve contemplar dois aspectos: cuidar e educar. Essas tarefas não são só de responsabilidade do professor mas de todos os profissionais da escola.



2- A organização do tempo/espaço na Educação Infantil – organizado em função das necessidades da criança visando o desenvolvimento em diversos aspectos. Atenção para os momentos livres.



3- Proposta de trabalho: oralidade (conversas informais, rodinha, recados, histórias, dramatizações, teatro, música, parlendas, cirandas, brincadeiras, leitura de imagens...); escrita (nome, nome dos colegas, do professor, rótulos, reescrita, diferentes gêneros textuais, poesia, produção de texto coletiva...); experiência estética (desenhos, pintura, modelagem, recorte, colagem, dobradura...) matemática (jogos, situações cotidianas, contagem, conceitos matemáticos, mercado, feira...); jogos simbólicos ( brincadeiras dirigidas e livres ); movimento ( músicas e não ficar restrito às aulas de Edu. Física); processo avaliativo ( relatórios, observação, portifólio...)





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